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Segura este teu cio idiota.
Tira esta bota, coloca na janela...
Papai Noel, em reluzente sela,
há de vir a cavalo por aí.
Acredita - bobo - em heróis e fadas,
que os duendes e os anões são sensações
dos teus quadrinhos de histórias engraçadas.
Segura o cabo da vassoura, pega a fada,
pelos longos cabelos : Rapunzel.
E a transforma em bruxa, doce e fel,
montando a pêlo suas ancas na calçada...
E escreve no papel tuas verdades,
e esta fome, que te rói e arde,
joga pros ratos, embrulhada em mel.
E faz com tua mão a mulher que mereces...
Sensual, leviana, se assim te apetece...
Desenha, Criador, na madrugada fria
a mulher cobiçada de afoitas magias.
Tua noite de orgia...
Teu Natal armadilha.
E multiplica por mil teu desejo
que a única amante que te sobra e cabe,
e o único beijo que te presta a lingua
é a solidão choramingante
da mingua do quarto...
É o calor do corpo nu, solitário e ardente,
anseios frementes de pura aguardente...
Rola o corpo quente
desfazendo tua cama,
enquanto a mão direita brinca de que ama
passeando, lasciva, secretos caminhos...
Enrola na mão o púbis de vinho,
inequívoco apelo da tua criação...
Teu Natal ficção!
E depois dorme e sonha com heróis cavaleiros,
menino de novo
esquecido do medo
do castigo do corpo,
em total desmazelo
no desalinho do gozo...
Esqueça teu mito:
Mulher de papel.
Teu sonho acordado, o inevitado,
e espera aquietado teu Papai Noel
de lança e cavalo
caindo do céu
no chão do teu quarto!
(Elza Fraga)
Um comentário:
Não lembro quem disse, mas lembro sempre de nunca esquecer que toda vez que alguém diz que não acredita em fadas, uma fada cai morta no chão...
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