quinta-feira, novembro 17, 2011




(Da série verdades que só eu sei)

Corri 
muito tempo
nas campinas
do vento

cavalguei o erro
todo o tempo

vagando
no charco
que sobrou

Se agora aguento
a dor
sem sofrimento
[e ainda agradeço]

é porque sei

Foi o cabresto
que Deus me botou


(Elza Fraga)
.

LIBERDADE




Se você soltar os pássaros 
eles voltam sempre 
até a sua janela 
e, em agradecimento, 
pousam nela
por um momento
ligeiro.

e você não os perde. 

Se prendê-los 
eles cantam todo o tempo, 
porque sabem que assim 
apressam o fim,
buscam na morte 
a liberdade e o abrigo.

É a sabedoria de quem entende 
que ser liberto vale mais 

do que ser vivo!


(Elza Fraga)

A AFOGADA





Sentenciaram a poesia
a morte lenta
a deixaram 
a revelia
batendo os cascos no cais
do esquecimento

E o poeta
mudo de fome
e frio
no mar do eternamente

quedou vazio
engoliu palavras
quieto
afogou o verso

Calou pra sempre!


(Elza Fraga)
.

quinta-feira, novembro 10, 2011

VIGÍLIA






Fico de longe
a espreitar

teu cio



perdi o medo

do teu olho

de vazio

Agora sei

o vento
da gravura

não dá frio

(Elza Fraga)

sexta-feira, novembro 04, 2011

O ÚNICO AMIGO








 

Quando tudo
te parecer perdido
quando não mais contar
a mão cheia de dedos
os amigos
quando te virarem as costas
e te deixarem ao sol
inclemente

olha tua própria sombra 
segue com ela
pois este
é o presente
maior
que Deus deixou

como compromisso 
e abrigo.
E nela é o próprio Deus 

que caminha contigo.
(Elza Fraga)