domingo, agosto 19, 2012

REFLEXO



Quando novamente
conseguirei te encarar
espelho
dos meus pesadelos?
...

E ver ,desesperada,
a face transtornada
transformada

por nada!

[elza fraga]

RAIO X DA INÉRCIA



Fotografias,
raio x da trajetória
com esqueleto a mostrar
a cicatriz
 
e as placas que adquiri
vivendo minha história
[peças defeituosas
trocadas,
sem matriz]

com um final
passivamente
in-feliz!

[elza fraga]

LIÇÃO PERDIDA



Que este coração
partido, 
emendado,
 
remendado,
 
e mesmo assim
com os beirais
ainda quebrados,
me sirva de lição.

Que eu tenha aprendido
finalmente
que não se brinca,
atrevida,

com a vida

mudando a já traçada
direção,

impunemente.

[elza fraga]

terça-feira, agosto 14, 2012

A SUA BÊNÇÃO PAI



Pai
se ainda for de alguma serventia
meu testemunho
de como valias
teu peso em ouro
pra cada filho
que amparaste
com teu carinho
e tua mão segura.

Eis aqui minha palavra
o meu "sou grata".

A vida te levou
por um caminho
que faz vibrar de dor
as cordas da minha alma.

Mas sei que Deus te reserva
um futuro
cheio da graça
que só recebe os puros.

E esta fé
é o que me consola
e basta.

[elza fraga]

ODE A MEDICINA


[Quem me conhece vai entender.
Quem não me conhece, por favor, se previna...
Como dói a medicina!]


Tantos me mostraram o caminho
ora a esquerda, ora a direita,

que de tanto desviar
tentando me encontrar,
deixando os próprios pedaços
pra marcar a volta,

me deparei imperfeita
no final da rota
com peças faltosas
que nem consigo mais achar.

Montei malfeita
a figura
neste meu quebra cabeças
de amargura

onde não consegui localizar o principal

o coração onde mora
toda a ciência

do bem
do mal.

Por isso esse olho tão vazio
querendo esquecer o que sentiu

por isso essa alma que fugiu

por isso esse corpo
feito no fio
do frio
gelado como o desafio

de quem sentiu que morreu,

visitou a morada
além do portal mágico
atravessando o rio,

se despediu
voltou

sobreviveu.

[elza fraga]

quinta-feira, agosto 02, 2012

SÚPLICA



Fica
mesmo que seja
um sacrifício intenso.

Mesmo que
cada momento
pareça dia
pareça mes
pareça ano.

Não vou cobrar
nunca
um "eu te amo"
da sua boca

nas horas
em que o peito
transbordar desdita.

Vou viver ao sabor
do tempo
como a louca
que se compraz
com as migalhas

caídas e levadas
pelo vento

espargidas

sobre o catre
onde ainda ouso

querer vida.

[elza fraga]