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E quando o vento
assoprava
aquele pio miúdo
que penetrava na alma
e se engasgava no peito
a gente quedava mudo
cabeça baixa
no queixo
apertando entre os dedos
a ourela do casaco
puxando do fundo
o medo
E danava a relembrar
as coisas
[do nosso jeito]
desenterrava o desfeito
passando a limpo
o imperfeito
tirando a frio
do limbo
pedaços esparsos
do tempo
se chegando pela porta
de entrada do esquecimento
que mesmo sem ser presente
pressente
que vem tempestade
a qualquer momento.
(Elza Fraga)
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