sexta-feira, dezembro 29, 2006

A EVOLUÇÃO DA FORMA


Nascer, viver, morrer e recomeçar sempre...
.
Toda forma que vês
tem seu arquétipo no
mundo sem-lugar.
Se a forma se desvanece,
não importa, permanece o original.
As belas figuras que viste,
as sábias palavras que escutaste,
não te entristeças se pereceram.
Enquanto a fonte é abundante,
o rio dá água sem cessar.
Por que te lamentas se
nenhum dos dois se detém?
A alma é a fonte,
e as coisas criadas, os rios.
Enquanto a fonte jorra,
correm os rios.
Tira da cabeça todo o pesar
e sorve aos borbotões
a água deste rio.
Que a água não seca,
ela não tem fim.
Desde que chegaste ao mundo do ser,
uma escada foi posta diante de ti,
para que escapasses.
Primeiro, foste mineral;
depois, te tornaste planta,
e mais tarde, animal.
Como pode ser isto segredo para ti?
Finalmente foste feito homem,
com conhecimento, razão e fé.
Contempla teu corpo - um punhado de pó
vê quão perfeito se tornou!
Quando tiveres cumprido tua jornada,
decerto hás de regressar como anjo;
depois disso, terás terminado
de vez com a terra,
e tua estação há de ser o céu.
Passa de novo pela vida angelical,
entra naquele oceano,
e que tua gota se torne mar,
cem vezes maior que o Mar de Oman.
Abandona este filho que chamas corpo
e diz sempre "Um" com toda a alma.
Se teu corpo envelhece, que importa?
Ainda é fresca tua alma.
- Rumi
(Texto extraído do livro "Poemas Místicos",
do brilhante poeta sufi Jalal Ud-Din Rumi;
Editora Attar).

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