Prefiro dias chuventos
aos ensolarados
demais,
que as ondas lambam meu cais,
eu me sustento
de pé
apesar de marear
um bom bocado
pra cada lado.
O sol não me dá equilíbrio,
desidrata a mente,
delinquente
me rouba a poesia,
e não me recompensa
o prejuízo
trazendo ruídos
de terras distantes
molhadas,
maresia espelhada
água salgada lavando
minha ausência de
juizo.
[elza fraga]
VERSO INVERSO
Sou de palavra pouca, falo com olho, economizo boca
terça-feira, janeiro 14, 2014
terça-feira, agosto 27, 2013
EU NÃO SOU FLOR QUE SE CHEIRE
Se fosse você
não investia em mim
apostando fichas
em jogo de alto risco
- não valho tanto assim -
e até arrisco o aviso
com a placa de
"perigo,
não insista".
Deixa só a sua ausência
a me in-completar
que eu me viro...
[elza fraga]
segunda-feira, março 04, 2013
NÃO CHORE CHUVA, MEU RIO
Meu Rio tão triste
chorando chuva
miúda
lavando a dor
Ainda assim vela por nós
pelo olhar
do Cristo redentor.
Idoso querido,
insiste e persiste
sem cuidador,
a deriva
tentando vida.
Sente frio,
velhinho, velhinho,
aniversariante
com vela sem bolo
em cima de mesa.
Maquiado nas praias
de onde sai a sujeira
pra ser escondida
nas areias
longe,
bem periferia,
sem turista
sem defesa...
[elza fraga]
quarta-feira, fevereiro 27, 2013
JOGANDO A TOALHA
Cansei de lutar pela vida.
Idiotia!
Desde que nasci
já sabia
que esta
era
guerra perdida.
[elza fraga]
[elza fraga]
sexta-feira, novembro 30, 2012
EM BUSCA DO PASSADO
[Ao amigo eterno,
Fernando Toledo, poeta doce de escritos ácidos, que sempre me empurrava
pra além dos meus sonhos, incentivando vida!]
Saudade hoje
apertou o peito
estrangulando músculos
Saudade hoje
apertou o peito
estrangulando músculos
esmigalhando nervos
quando li texto de Fernando
garimpado em acervo
amigo.
Consola dizer que ele vive
enquanto viver
o que deixou escrito
na acidez da sua poesia?
Parece que o vejo
ainda aqui,
olhos fitos
em mim,
respondendo
com sua fina ironia:
"-Isso também é forma de vida,
querida elzita."
[elza fraga]
quando li texto de Fernando
garimpado em acervo
amigo.
Consola dizer que ele vive
enquanto viver
o que deixou escrito
na acidez da sua poesia?
Parece que o vejo
ainda aqui,
olhos fitos
em mim,
respondendo
com sua fina ironia:
"-Isso também é forma de vida,
querida elzita."
[elza fraga]
terça-feira, outubro 30, 2012
MEDICINA PREVENTIVA
[Robôtizada]
Será que já existe
um remédio certo
que faça o corpo
--desperto--
adormecer a mente
para todo
o sempre?
[elza fraga]
A PRESA DO APARTAMENTO...
[Um dia este apartamento ainda
engole, inteira, a sua presa!]
O pássaro
fêmea
fazendo ninho
preparando nova vida
enquanto
o macho
vela,
o grito da criança
no parquinho
assustando
as cores
da primavera,
o moço com idéias
suicidas
cotovelos na janela,
a música alta
do vizinho,
o sorriso e a moça
da faxina
no hall do prédio...
Consegui,
hoje saí
da rotina
nem me deram tempo
pra curtir o tédio.
[elza fraga]
preparando nova vida
enquanto
o macho
vela,
o grito da criança
no parquinho
assustando
as cores
da primavera,
o moço com idéias
suicidas
cotovelos na janela,
a música alta
do vizinho,
o sorriso e a moça
da faxina
no hall do prédio...
Consegui,
hoje saí
da rotina
nem me deram tempo
pra curtir o tédio.
[elza fraga]
quinta-feira, outubro 04, 2012
PEDAÇOS
Tormenta
desespero
sussurra o suspiro,
mente em labirinto,
perder amigo
é como recado
sucinto
como cerca de murta
avisando:
A vida é curta.
[elza fraga]
quinta-feira, setembro 20, 2012
APELO
Essa noite
deixa a paz
entrar pelas frestas
das portas
que não se fecham
inundar todos os cantos,
só um pouquinho.
Essa noite
deixa a lua clarear
devagarinho
a moradia
das almas
vazias de luz
inchadas de pranto,
só um pouquinho.
Essa noite
deixa o descanso embalar
quem não sabe
fazer o encanto
de mandar a dor
passear
no mais escondido
recanto,
só um pouquinho.
Essa noite
leva pro seio do mundo,
pro buraco mais profundo,
o medo e a desesperança,
e nos torne, a todos,
crianças
confiantes no caminho,
só um pouquinho!
[elza fraga]
sexta-feira, setembro 07, 2012
PRISIONAL
Penso
e não saio do lugar
presa as convicções
antigas.
E qual formiga
sigo
a carregar
a minha folha
na interminável
fila.
[elza fraga]
domingo, agosto 19, 2012
REFLEXO
Quando novamente
conseguirei te encarar
espelho
dos meus pesadelos?
...
E ver ,desesperada,
a face transtornada
transformada
por nada!
[elza fraga]
RAIO X DA INÉRCIA
Fotografias,
raio x da trajetória
com esqueleto a mostrar
a cicatriz
e as placas que adquiri
vivendo minha história
[peças defeituosas
trocadas,
sem matriz]
com um final
passivamente
in-feliz!
[elza fraga]
vivendo minha história
[peças defeituosas
trocadas,
sem matriz]
com um final
passivamente
in-feliz!
[elza fraga]
LIÇÃO PERDIDA
Que este coração
partido,
emendado,
remendado,
e mesmo assim
com os beirais
ainda quebrados,
me sirva de lição.
Que eu tenha aprendido
finalmente
que não se brinca,
atrevida,
com a vida
mudando a já traçada
direção,
impunemente.
[elza fraga]
ainda quebrados,
me sirva de lição.
Que eu tenha aprendido
finalmente
que não se brinca,
atrevida,
com a vida
mudando a já traçada
direção,
impunemente.
[elza fraga]
terça-feira, agosto 14, 2012
A SUA BÊNÇÃO PAI
Pai
se ainda for de alguma serventia
meu testemunho
de como valias
teu peso em ouro
pra cada filho
que amparaste
com teu carinho
e tua mão segura.
Eis aqui minha palavra
o meu "sou grata".
A vida te levou
por um caminho
que faz vibrar de dor
as cordas da minha alma.
Mas sei que Deus te reserva
um futuro
cheio da graça
que só recebe os puros.
E esta fé
é o que me consola
e basta.
[elza fraga]
pra cada filho
que amparaste
com teu carinho
e tua mão segura.
Eis aqui minha palavra
o meu "sou grata".
A vida te levou
por um caminho
que faz vibrar de dor
as cordas da minha alma.
Mas sei que Deus te reserva
um futuro
cheio da graça
que só recebe os puros.
E esta fé
é o que me consola
e basta.
[elza fraga]
ODE A MEDICINA
[Quem me conhece vai entender.
Quem não me conhece, por favor, se previna...
Como dói a medicina!]
Tantos me mostraram o caminho
ora a esquerda, ora a direita,
que de tanto desviar
tentando me encontrar,
deixando os próprios pedaços
pra marcar a volta,
me deparei imperfeita
no final da rota
com peças faltosas
que nem consigo mais achar.
Montei malfeita
a figura
neste meu quebra cabeças
de amargura
onde não consegui localizar o principal
o coração onde mora
toda a ciência
do bem
do mal.
Por isso esse olho tão vazio
querendo esquecer o que sentiu
por isso essa alma que fugiu
por isso esse corpo
feito no fio
do frio
gelado como o desafio
de quem sentiu que morreu,
visitou a morada
além do portal mágico
atravessando o rio,
se despediu
voltou
sobreviveu.
[elza fraga]
ora a esquerda, ora a direita,
que de tanto desviar
tentando me encontrar,
deixando os próprios pedaços
pra marcar a volta,
me deparei imperfeita
no final da rota
com peças faltosas
que nem consigo mais achar.
Montei malfeita
a figura
neste meu quebra cabeças
de amargura
onde não consegui localizar o principal
o coração onde mora
toda a ciência
do bem
do mal.
Por isso esse olho tão vazio
querendo esquecer o que sentiu
por isso essa alma que fugiu
por isso esse corpo
feito no fio
do frio
gelado como o desafio
de quem sentiu que morreu,
visitou a morada
além do portal mágico
atravessando o rio,
se despediu
voltou
sobreviveu.
[elza fraga]
quinta-feira, agosto 02, 2012
SÚPLICA
Fica
mesmo que seja
um sacrifício intenso.
Mesmo que
cada momento
pareça dia
pareça mes
pareça ano.
Não vou cobrar
nunca
um "eu te amo"
da sua boca
nas horas
em que o peito
transbordar desdita.
Vou viver ao sabor
do tempo
como a louca
que se compraz
com as migalhas
caídas e levadas
pelo vento
espargidas
sobre o catre
onde ainda ouso
querer vida.
[elza fraga]
cada momento
pareça dia
pareça mes
pareça ano.
Não vou cobrar
nunca
um "eu te amo"
da sua boca
nas horas
em que o peito
transbordar desdita.
Vou viver ao sabor
do tempo
como a louca
que se compraz
com as migalhas
caídas e levadas
pelo vento
espargidas
sobre o catre
onde ainda ouso
querer vida.
[elza fraga]
sábado, julho 28, 2012
RIO DO MEDO
Um rio largo
navegado até o meio
fugindo da margem
com medo do homem
que mata seu peixe
mesmo sem fome.
Raça humana?
Eu daria outro nome!
[elza fraga]
mesmo sem fome.
Raça humana?
Eu daria outro nome!
[elza fraga]
quarta-feira, junho 20, 2012
LA LOBA
Morre
que te quero viva
trapeira andante
que mora no meu peito.
... Morte é tranformação
adubo para vida nova
vivida de um outro jeito
menos cérebro
e mais coração.
Só te sufocando
até teu voo livre
alçar os espaços
terei
por fim
controle
dos meus passos.
[elza fraga]
terça-feira, maio 22, 2012
POEMA DA SAUDADE
[Para meu amigo Nenem Francisco Fraga,
nestes quase oito meses de saudade]
nestes quase oito meses de saudade]
Se tivesse um novo amigo
da raça canina
teria nome de flor
fosse menina.
De filósofo
macho fosse
só pra dar leveza,
pois
não haveria de querer
pequeno,
destes de aconchego
teria que ser grande
com os olhos mansos
mas acesos.
Olhos que me seguissem
na vigília
e me vigiassem
enquanto dormisse.
Teria que ter harmonia
nos passos lentos
e na correria.
Mas a saudade do meu pequeno
que atravessou
o portal mágico
e me deixou com o coração
faltando um pedaço
não me deixa
colocar um outro amigo
pra preencher o vazio.
Seria como tentar substituir
o insubstituível.
E cada vez que cantasse
pra que o novo amigo
se aninhasse
entre meus braços,
seria sempre a mesma cantiga
antiga
que cantava
para o que ainda ocupa
minha saudade
e choraria,
Não aprendi a fingir
felicidade.
[elza fraga]
terça-feira, maio 08, 2012
AMNÉSIA
Joguei
de vez
o passado fora
Agora vivo só
este momento
que escorre
no meu dedo
pelo vento
e vira outro
e mais outro
vida afora.
Sacudi das costas
todas as bostas que fiz
lá bem atrás
sem remorso,
sem briga,
na derradeira tentativa
de estar feliz.
[elza fraga]
este momento
que escorre
no meu dedo
pelo vento
e vira outro
e mais outro
vida afora.
Sacudi das costas
todas as bostas que fiz
lá bem atrás
sem remorso,
sem briga,
na derradeira tentativa
de estar feliz.
[elza fraga]
sábado, maio 05, 2012
A RECOLHIDA
Tem vezes
que me encolho
me recolho
lá pro fundo
que me encolho
me recolho
lá pro fundo
do meu pote vazio
e o preencho
com meu medo e frio
Alguns percebem
que me entreguei a solidão
por conta própria,
outros
nem notam.
[elza fraga]
e o preencho
com meu medo e frio
Alguns percebem
que me entreguei a solidão
por conta própria,
outros
nem notam.
[elza fraga]
RANCOROSA
A foto esmaecida
me observa da moldura
Parece até que diz
"Olha como era,
bela,
criatura"
Não se conforma
em me ver feliz
apesar de todos os estragos
cavados pelos anos
passados
sobre mim
e me joga
em cima
todo
o seu amargo
a infeliz!
[elza fraga]
bela,
criatura"
Não se conforma
em me ver feliz
apesar de todos os estragos
cavados pelos anos
passados
sobre mim
e me joga
em cima
todo
o seu amargo
a infeliz!
[elza fraga]
INVISÍVEIS
Somos todos
nesta vida
ampulhetas
escorrendo areia
na veia.
Sem opção
de virada
depois
de toda a areia
escorrida.
E ficamos passado
nas lembranças amigas
morando em fotos antigas
em molduras desbotadas.
Até que um dia sumimos
de vez
das ampulhetas
que ainda não escorreram
seus grãos
Viramos terra e chão
sem foto, sem nome,
ninguém mais
se incomoda
com nossa presença incorpórea,
ninguém lembra
nossa história,
como se, no fundo,
nunca
tivéssemos estado
neste pedaço de mundo.
Quem sabe
nunca estivemos
e somos apenas fruto
d'um sonho
num sono profundo?
[elza fraga]
Sem opção
de virada
depois
de toda a areia
escorrida.
E ficamos passado
nas lembranças amigas
morando em fotos antigas
em molduras desbotadas.
Até que um dia sumimos
de vez
das ampulhetas
que ainda não escorreram
seus grãos
Viramos terra e chão
sem foto, sem nome,
ninguém mais
se incomoda
com nossa presença incorpórea,
ninguém lembra
nossa história,
como se, no fundo,
nunca
tivéssemos estado
neste pedaço de mundo.
Quem sabe
nunca estivemos
e somos apenas fruto
d'um sonho
num sono profundo?
[elza fraga]
sexta-feira, março 30, 2012
FUGA
Eu vi a lua fugindo
pro alto da madrugada
estava só
a coitada.
Cadê seu manto de estrelas?
Cadê seus raios brilhantes?
Cadê as nuvens fagueiras
brincando de esconde esconde?
E tive tanta piedade
que passei a noite inteira
a acompanhar seus passos
até que enfim se deitasse
ou espalhasse a beleza
do outro lado do mundo
onde não posso mais vê-la.
Eu vi a lua fugindo
sumindo
se indo embora
suas lágrimas caindo
escorrendo céu afora
e me perdi na tristeza
[elza fraga]
Cadê seus raios brilhantes?
Cadê as nuvens fagueiras
brincando de esconde esconde?
E tive tanta piedade
que passei a noite inteira
a acompanhar seus passos
até que enfim se deitasse
ou espalhasse a beleza
do outro lado do mundo
onde não posso mais vê-la.
Eu vi a lua fugindo
sumindo
se indo embora
suas lágrimas caindo
escorrendo céu afora
e me perdi na tristeza
[elza fraga]
segunda-feira, março 26, 2012
NAUFRAGADA
As vezes me sei a deriva
perdida
como um pequenino barco
batendo
... com o seu costado
no mar encapelado
salto ondas gigantes
equilibro na calmaria
que dura um só segundo
e no meio da imensidão
profunda
me agarro ao mastro
e acabo dando com os cascos
no fim do mundo
praia esquecida
sem pássaros, sem nada
só sobrevida!
[elza fraga]
PREPARAÇÃO
Minha janela
é meu desafio
por ela puxo o fio
onde teço
a rede
de estrelas cadentes
pra descansar
ardente
o impossível
quando chegar o dia
do vazio.
[elza fraga]
de estrelas cadentes
pra descansar
ardente
o impossível
quando chegar o dia
do vazio.
[elza fraga]
REDEMOINHO
Rodopiou a nuvem,
espiralando
em desenhos doidos
transparentes
igualzinho
a vida da gente!
[elza fraga]
a vida da gente!
[elza fraga]
ACOMODAÇÃO
Pedi asas
me deram pés no chão
Pedi liberdade
me deram coração
Pedi leveza
me deram sentimentos
Perdi os argumentos
sem apelação
ou liminar
Restou acomodar
até o fim dos tempos
[elza fraga]
Pedi leveza
me deram sentimentos
Perdi os argumentos
sem apelação
ou liminar
Restou acomodar
até o fim dos tempos
[elza fraga]
TRIBUTO AO SOL
Como o girassol
vivo a girar
buscando o sol
dançante ilusão
que me alucina
Até queimar
a retina
dor e paixão
Luz e ruína
onde reclina
o fogo sagrado
que ilumina
indomado
todo o passado
morto
não enterrado.
[elza fraga]
que me alucina
Até queimar
a retina
dor e paixão
Luz e ruína
onde reclina
o fogo sagrado
que ilumina
indomado
todo o passado
morto
não enterrado.
[elza fraga]
ASSOMBRAMENTO
Havia um certo ar
de não me toques
Um certo toque de impertinência
na sua presença
ali tão ausente
parada
bem na minha frente
e eu sabia
que se estendesse a mão
atravessaria
seu coração
sua pele
como se fosse
fluido
eu poderia, eu só,
transformar
num sopro
tudo em pó
caído
mas me contive
e deixei que caminhasse
calado
morto vivo
largando seus pedaços
até o infinito
e fiquei aqui
comigo
prensando a ferida
que me sobrou
de vida.
[elza fraga]
O QUANTO É LONGA A NOITE
Sol doente
cai poente
nem avermelhou
cai poente
nem avermelhou
Estranhamente
nenhuma estrela
estreou a noite
acendendo
a imensidão
Medo de foice
ceifando almas
na calma
da escuridão
impiedosamente
me engole a alma
pra sempre
[elza fraga]
nenhuma estrela
estreou a noite
acendendo
a imensidão
Medo de foice
ceifando almas
na calma
da escuridão
impiedosamente
me engole a alma
pra sempre
[elza fraga]
MUDANÇA DE ESTAÇÃO
Fora da minha janela
queima como estação
o mais ardente verão
queima como estação
o mais ardente verão
Mas dentro do meu coração
e do meu sonho
sei que serei
sempre
outono.
[elza fraga]
e do meu sonho
sei que serei
sempre
outono.
[elza fraga]
ENTERRO
[Fonte da imagem: noticias.terra.com.br]
Era um casebre
de cor bem alegre
no nariz da serra
vem a terra
rolando ladeira
enterra
uma prole inteira
Sobrou pendurada
a varanda
a zombar
do nada
E um passarinho
que saiu do ninho
para espiar
e cantar seu canto
para embalar
o pranto
enquanto
a terra aterra.
[elza fraga]
rolando ladeira
enterra
uma prole inteira
Sobrou pendurada
a varanda
a zombar
do nada
E um passarinho
que saiu do ninho
para espiar
e cantar seu canto
para embalar
o pranto
enquanto
a terra aterra.
[elza fraga]
RETRATO HUMANO
Escuta bem
e não esqueça nunca
todos te querem
e ficam ao teu lado
e não esqueça nunca
todos te querem
e ficam ao teu lado
quando não precisas
do amparo
estás ladeira acima
mas somem
na primeira esquina
assim que a vida
te empurra
ladeira abaixo.
[elza fraga]
do amparo
estás ladeira acima
mas somem
na primeira esquina
assim que a vida
te empurra
ladeira abaixo.
[elza fraga]
SEM ARREPENDIMENTO
Sabia
que o tempo passa
sabia
que a vida é curta
que o tempo passa
sabia
que a vida é curta
sabia
que as dores chegam
junto com as folhas caídas
muito antes de parida
Assim mesmo eu quis a vida!
[Elza Fraga]
que as dores chegam
junto com as folhas caídas
muito antes de parida
Assim mesmo eu quis a vida!
[Elza Fraga]
PORTO SEGURO
Rezo durante o dia
[e tanto]
pra noite logo chegar
pra poder fugir da vida
[e tanto]
pra noite logo chegar
pra poder fugir da vida
e me refugiar
no sono
porque é lá
que dormem
todos
os sonhos
que eu tento acordar.
[elza fraga]
DERRADEIRO ABRIGO
Tem gente
de alma dura
não se amolda
ao corpo que a carrega
não se amolda
ao corpo que a carrega
o arrasta como armadura
como quem leva fardo
de agrura.
Se deixam morrer
lá no passado
todos os dias
enterram o desespero
apenas pressentem
o presente
e levam flores
a própria sepultura.
Andam pela vida
sem viver
em murmurios infinitos
guardam só rancores
gostam das dores
e as espalham ao vento
sem notar que a liberdade
está nas próprias mãos
e é tão fácil
sair desta prisão
é só reconhecer
em Cristo
o verdadeiro amigo
o amparo
o único abrigo.
[elza fraga]
como quem leva fardo
de agrura.
Se deixam morrer
lá no passado
todos os dias
enterram o desespero
apenas pressentem
o presente
e levam flores
a própria sepultura.
Andam pela vida
sem viver
em murmurios infinitos
guardam só rancores
gostam das dores
e as espalham ao vento
sem notar que a liberdade
está nas próprias mãos
e é tão fácil
sair desta prisão
é só reconhecer
em Cristo
o verdadeiro amigo
o amparo
o único abrigo.
[elza fraga]
...
POR UM FIO
A minha casa
sou eu
me equilibro
solitária
dentro dela
presa entre
o que sobrou
cantarolo a capela
o que a vida me ensinou
com cascudos
e mazelas
[elza fraga]
sou eu
me equilibro
solitária
dentro dela
presa entre
o que sobrou
cantarolo a capela
o que a vida me ensinou
com cascudos
e mazelas
[elza fraga]
IMPOTÊNCIA
Quando partir
quero sair
pela porta mágica
estreita,
... um ser
quase invisível
olhar no chão
me esgueirando
pelos vãos
envergonhada
de ter visto
tanta maldade
e mesmo
apesar da piedade
nada
poder fazer
pra conter
os absurdos cometidos
por alguns 'humanos'
contra seus irmãos
de outras raças
Permita-me,
Senhor,
a água da alma
saltando do olho
Permita-me,
Senhor,
a cabeça baixa
[elza fraga]
pela porta mágica
estreita,
... um ser
quase invisível
olhar no chão
me esgueirando
pelos vãos
envergonhada
de ter visto
tanta maldade
e mesmo
apesar da piedade
nada
poder fazer
pra conter
os absurdos cometidos
por alguns 'humanos'
contra seus irmãos
de outras raças
Permita-me,
Senhor,
a água da alma
saltando do olho
Permita-me,
Senhor,
a cabeça baixa
[elza fraga]
Ofereço este poema a amiga Lúcia Constantino, pela sua luta incessante para salvar nossos amigos animais contra a maldade de alguns irmãozinhos humanos que ainda se encontram no começo da estrada que leva a Luz!
...
terça-feira, dezembro 06, 2011
PETIÇÃO A DONA CHUVA
(da série poemas pra infância)
Chuva chuvinha chuvão
chove aqui na minha mão
chove vinda do céu
água pura chove ao léu
Molha meu pé, varre o chão
da secura do sertão
molha as plantinhas miúdas
que as grandes te buscam
subindo
por um espiral Divino
pois ensinaste o caminho
na tentativa bendita
de não matar tanta vida
Chuva chuvinha chuvão
lava a alma e o coração
de toda a gente que suja
a vida de confusão
limpa as artimanhas
dos que só vivem na manha
e esquecem o irmão
dormindo nas tuas águas
nas esquinas, nas calçadas.
Chuva chuvinha chuvão
só não jogue abaixo a terra
onde ainda se equilibra
quem construiu seu teto
de madeira e papelão
pois olha aqui, dona chuva,
tem gente que tem alma boa
mas tem má situação
e nem comida na mesa
tem não
[as vezes nem tem a mesa]
não joga este povo no chão
mesmo sendo por pedido
e petição
do revoltado planeta
conversa com ele, chuva,
explica a situação
e serás abençoada
por tanta boca sincera
que pode ser esta a receita
pra gente salvar a Terra
Obrigada dona chuva
de toda a gente miúda
que se acotovela ossuda
lutando atrás do seu pão.
(elza fraga)
...
quinta-feira, novembro 17, 2011
LIBERDADE
Se você soltar os pássaros
eles voltam sempre
até a sua janela
e, em agradecimento,
pousam nela
por um momento
ligeiro.
e você não os perde.
Se prendê-los
eles cantam todo o tempo,
porque sabem que assim
apressam o fim,
buscam na morte
a liberdade e o abrigo.
É a sabedoria de quem entende
que ser liberto vale mais
do que ser vivo!
(Elza Fraga)
A AFOGADA
Sentenciaram a poesia
a morte lenta
a deixaram
a revelia
batendo os cascos no cais
do esquecimento
E o poeta
mudo de fome
e frio
no mar do eternamente
quedou vazio
engoliu palavras
quieto
afogou o verso
Calou pra sempre!
(Elza Fraga)
.
quinta-feira, novembro 10, 2011
VIGÍLIA
Fico de longe
a espreitar
teu cio
perdi o medo
do teu olho
de vazio
Agora sei
o vento
da gravura
não dá frio
(Elza Fraga)
sexta-feira, novembro 04, 2011
O ÚNICO AMIGO
Quando tudo
te parecer perdido
quando não mais contar
a mão cheia de dedos
os amigos
quando te virarem as costas
e te deixarem ao sol
inclemente
olha tua própria sombra
segue com ela
pois este
é o presente
maior
que Deus deixou
como compromisso
e abrigo.
E nela é o próprio Deus
que caminha contigo.
(Elza Fraga)
quarta-feira, setembro 21, 2011
POEMA DO NUNCA MAIS
Tem diasque a poesiarenega o poetae pronto
proseiafecha o cercomentecerceia a festae ponto
só que finalantes do começo
Isso dá um medodo pra sempre!
(Elza Fraga)
FAZ PARTE
Dora Maar with Cat de Pablo Picasso
Sofrer faz parte do enredosegura a dor caladaantes isso
do que enterro.
(Elza Fraga)
domingo, setembro 18, 2011
VIDA PASSADA
...
Hoje acordeicom uma estranha saudade de mim
Da que eraem outras eras
boneca cheirando a jasmim
Procurei o mais fundodentro deste mundoeude cartas postasespalhadas na quinada curva da esquina
e só achei
o peso das costaslonge
no aceno de
adeus
(Elza Fraga)
sexta-feira, setembro 16, 2011
BEM FEITO!
[da série meus piores momentos]
Quando me forsegure o choro,por favor.Sincero ou espremido!
Prefiro a prece,que é benesseoferta ao morto,
Mesmo que seja um tortoabatido em pleno voopelo peso dos defeitose mal feitos...
tente ser generosoevite o"Bem feito!"
(Elza fraga)
Quando me for
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